domingo, maio 15, 2011

19 anos

Conta quem presenciou que com seis meses eu não queria mais ninguém por perto se estivesse na presença do meu avô.
Palrava imenso com ele e chorava se alguém interferisse.
Eram as nossas conversas, e pelos vistos entendíamo-nos na perfeição.

E foi assim durante 19 anos.
Foi a pessoa da minha família que mais me marcou, pela sua história de vida, pelo seu testemunho mas sobretudo pela forma de estar na vida.

Era o meu avô preferido e eu a neta preferida.
Não tínhamos de dizê-lo, estava na cara de quem nos via.

Tive a sorte de ouvir da sua boca, um ano antes da sua morte, o quanto me amava e como eu era especial.
Algo que temos sempre dificuldade em transmitir a quem amamos.
Um ano depois recordei esse dia para acalmar as saudades.

Faleceu no dia a seguir ao meu 19º aniversário, portanto acompanhou de perto a minha adolescência, alguma rebeldia, e forma intransigente de ver as coisas.
Mudei alguma coisa depois disso, a vida molda-nos, e a sua frase sobre a vida ser demasiado curta ajudou a colocar tanta coisa numa perspectiva totalmente nova.

Faz hoje 19 anos.
É impossível não pensar que amanhã terei mais tempo de vida sem avô do que com ele.
19 anos com avô….19 anos sem ele, e a falta que me faz e a tanta gente.

Ainda hoje não consigo ouvir a sua música preferida sem me virem as lágrimas aos olhos, pela recordação que me traz e pelo nome “Oh tempo volta para trás”.

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