domingo, junho 28, 2009

A planta da fertilidade

Como disse no post anterior há uma série de coisas que se ganham com a infertilidade, e a mais importante é mesmo a amizade.

Congratulo-me de ter criado grandes amizades desde o início desta caminhada, e de apesar de algumas pessoas terem já alcançado o seu objectivo terem mantido os laços comigo.


Uma dessas pessoas foi a primeira que conheci através do fórum, mãe de uma menina linda de 8 meses quis partilhar comigo uma coisa, uma planta.


Pouco tempo antes de engravidar foi-lhe oferecida uma hera e no tratamento seguinte eis que engravidou.


Então que melhor prenda do que uma hera para mim?

E foi o que fez.


Já não me lembrava de como esta planta simboliza a fertilidade, que é aquilo que tanto desejamos.


Deixo aqui uma foto da minha hera que espero que cresça muito e acima de tudo traga a fertilidade tão desejada.


terça-feira, junho 23, 2009

O que se ganha com a infertilidade

Não são só coisas más que esta doença nos traz.
Aqui fica uma listinha de coisas boas:
- Superarmos alguns dos nossos medos. Medo de agulhas, medo de médicos...
- Lutarmos com forças que nunca pensámos ter. Renovarmos a cada novo tratamento essas forças.
- Fazermos amizades com estranhos que nos entendem melhor do que tanta gente que nos rodeia.
- Sentirmos nas vitórias de outras lutadoras a nossa própria vitória, ainda que ela esteja a demorar a chegar.
- Ganharmos amizades para a vida. Havia uma frase que adorava na adolescência "Poderás esquecer com quem riste, mas jamais esquecerás com quem choraste". E não esqueceremos concerteza quem nos acompanhou em momentos tão difíceis.
- Acreditarmos cada vez mais nesta frase: "Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante", os nossos filhos irão ter todo este amor que temos acumulado dentro de nós. Porque afinal, sabemos que vamos ser mães, só não sabemos quando (escrevi isto pela primeira vez há quase 3 anos) nem como.
- Conseguirmos ficar mais próximas, mais cúmplices, mais unidas aos homens que mais ou menos silenciosos nos acompanham nesta luta.

segunda-feira, junho 22, 2009

Dificuldades da Infertilidade

Olá a todos,

Às vezes penso: quando é que começou esta vontade de ser mãe.É estranho, mas não consigo localizar no tempo ou no espaço. Será que alguém consegue?

Lembro-me das bonecas, de pensar nelas como filhas. Lembro-me desde sempre de me imaginar com filhos, e porque haveria de ser de maneira diferente?É um sonho de qualquer criança.

Ontem ao olhar para uma bebé, que carregava a sua bebé pensei: será que este sonho vem desde esta idade? É muito provável, as recordações que tenho mais antigas vão aos meus 3 anos e meio com o nascimento da minha irmã, e já nessa altura em pensava nos meus filhos (bonecos é certo, mas filhos).

Mas será que quem nos conhece, quem vai sabendo do nosso percurso para alcançar este sonho sabe o que nos vai na alma? O que sofremos? O que esperamos ou não ouvir?Cada vez me convenço mais que não, não sabem.

E em grande parte a culpa é nossa. Se queremos passar uma mensagem temos de o fazer em condições, não nos podemos esconder, não podemos usar de meias palavras, temos de ser claros e directos.

Os nossos amigos por melhor intencionados que sejam, se não passaram por esta dor na pele não sabem a que nos referimos, somos verdadeiros extra-terrestres…Ainda que possam dizer: sei bem o que sentes.

Há algum tempo uma amiga dizia, sei o que é isso tenho uma amiga que também teve de tomar uns comprimidos e levar umas injecções.
Esta é a parte mais fácil de qualquer tratamento.É incrível que quando referi no fórum o pavor que tinha de agulhas me tenham dito, vais ver que é a parte mais fácil…E como tinham razão.

Mas então que é que é tão difícil nesta doença?

- é projectarmos a nossa vida e vermos que não somos donos nem senhores dela
- é vermos as partidas que o nosso corpo ciclo após ciclo, ano após ano nos faz
- é andarmos a fazer "remendos" para colmatar uma falha e descobrirmos mais duas ou três
- é sofrermos em silêncio porque não queremos sentir-nos diminuídos, e que ninguém compreende a forma como reagimos
- é abrirmos o coração e sentirmo-nos extra-terrestres, ou virmos a nossa vida devassada
- é estarmos em tratamento e perguntarem 2/3 vezes por dia como nos sentimos. A falta de lembrança deixa-nos tristes, mas a pressão ao segundo sufoca-nos
- é tentarmos ir para o 2º, 3º, 4º…tratamento com a Fé do primeiro
- é vermos tanta gente a ter filhos e a desprezá-los
- é vermos os nossos entes queridos a quererem ajudar-nos e sentirem-se impotentes
- é tentarmos manter um casamento saudável, quando nos sentimos doentes
- é vermos todos os "entendidos de circunstância" darem-nos palpites
- é vermos que todos à nossa volta sabem o que estamos a passar, sem nunca o terem passado. Como posso eu saber a dor de partir uma perna, se nunca na minha vida passei por isso?
- é termos um percurso de infertilidade de anos, termos tido momentos de pressão mas também momentos de pura descontração e dizerem-nos: relaxa…vai de férias… Será que acreditam que nestes anos todos, esse momento ainda não aconteceu? Antes de sabermos que éramos inférteis já éramos stressados?
- é adiarmos projectos por causa de um tratamento
- é contarmos os trocos para ver se podemos tentar de novo
- é ficarmos a pensar nos rios de dinheiro que gastámos
- é não sabermos quando esta história irá acabar e qual será o seu final (sendo que todos adoramos finais felizes)

E pronto, desabafei.Muito mais haveria para acrescentar à lista.

domingo, junho 21, 2009

A presença do meu marido

Quando soube da caminhada e mega-almoço falei com o meu marido, era no Porto não teríamos de nos deslocar muito.
A reacção não me surpreendeu, se é no Porto não te vais perder...
Voltei a insitir e depois deixei o assunto cair no esquecimento.
Até à altura em que tinha de me inscrever e lhe perguntei se ia. Para minha surpresa não só ia ao almoço como também à caminhada.
Foi uma bela surpresa, imagino que tenha sido um "sacrifício" dado que não gosta de caminhar, e ainda não se sente à vontade neste mundo da infertilidade.
No entanto a sua grande preocupação foi não ser filmado pelas televisões.
Tanto a caminhada como o almoço correram bem, e este gesto serviu para me dar mais certeza que estamos nisto juntos.
Os tratamentos incidem tanto em nós mulheres, seja a causa feminina ou masculina, que por vezes parece-nos que caminhamos sozinhas. Momentos como este servem para recordar que é um projecto a dois.
E com a força dos dois iremos conseguir.
Aqui fica o meu obrigada, adorei.

quarta-feira, junho 17, 2009

O último tratamento (...pelo menos no Sto António)

Olá,
eis que voltei da consulta com boas e menos boas notícias.
A consulta começou com a pergunta se tínhamos pensado no que queríamos fazer...Ora bem, nós fomos lá para saber resultados...
Começámos pela mamografia: 4 quistos na mama esquerda, dois na direita mas nada de cuidado. Vigilância anual dado o historial da família.
As análises estão boas, progesterona baixa (mas mais alta do que nunca...), quanto aos ovários, o direito está bom o esquerdo está pintalgado de quistos.
Perguntou-me se preferia fazer gonal ou puregon (dado que os resultados têm sido idênticos) e escolhi puregon.
Como estou com ciclos de 30/31 dias, prevemos que venha lá para dia 10, começar as picas a 12, e ter consulta com a Dra. Márcia dia 16 nas urgências. Ainda bem que eu sabia que isto tinha virado prática corrente.
A data não deixa de ser curiosa dado que se trata da DPP da minha irmã, quem sabe se não é bom sinal. Uns saem outros entram...pronto cá estou a delirar...
A parte que não contava é que o hospital afinal decidiu apenas permitir 4 tratamentos, assim este será o último tratamento lá.
Como sempre aqui a optimista pensou: se o tratamento correr bem não preciso de mais, se correr mal tenho aqui a força necessária para ir para o privado e não adiar mais esta decisão.
As notícias mesmo boas? Não tenho colesterol, não tenho diabetes. Portanto lá teremos de descobrir de onde veio o fígado "gordo".
Estou calma, acho que ainda mais calma que no tratamento de Junho do ano passado (único com transferência).
Tirando um ligeiro stress em Março (altura em que podia ter feito tratamento e que decidi deixar para agora), mantive-me calma este tempo todo.
Ontem ao informar uma colega que ia faltar hoje de tarde veio-me o stress, a dúvida e o receio "e se não estiver tudo bem"?
Claro que a resposta já a sabemos, não está tudo bem, não pode estar ou já teria acontecido naturalmente...
Segunda-feira fez um ano a minha transferência, e não me lembrei da data...só ontem quando comecei a stressar é que recordei esse tratamento.
No geral estou calma, devia amanhã entrar de férias e ainda estarei mais dois dias a trabalhar. Depois terei o descanso da guerreira por duas semanas.
Se a taxa de sucesso é de cerca de 25%, então que neste 4º tratamento alcance os 100%.
Conheci ainda mais uma menina destas andanças e desejo-lhe o mesmo que para mim, um santo tratamento com final feliz.

segunda-feira, junho 15, 2009

Mini-férias

Estes 5 dias foram passados em Cascais com a família, e completamente dedicados a ela.

A quarta-feira esteve farrusca e foi passada em casa, aproveitar para descansar e preguiçar.

A quinta-feira, foi O DIA.
Uma sobrinha excitadíssima com os seus oito anos, que crescida que ela está e como o tempo passa.
Tivemos almoço em família, passeio de noite a uma festa de Santo António com direito a montanha russa e roda gigante.
Continuo a estar presente em momentos emotivos da minha sobrinha-preferida. Vi os primeiros passos, o primeiro ôá (olá) que foi a primeira palavra que disse, a primeira volta de montanha russa.
Desde os primeiros metros de “tia afinal não quero andar nisto”, até ao pós-primeira-queda “tiaaaaaaaaaaaa isto é fixeeeeeeeeeee” foi muito giro estar lá. E também se ela não tivesse alinhado não teria companhia: )))

A sexta-feira teve almoço com amigos, e lanche na escola da sobrinha-preferida para cantarmos de novo os parabéns desta vez com os coleguinhas.
É incrível como a escola encolheu, as salas estão mais pequenas, as mesinhas minúsculas, e já chego à janela.
26 anos e 30cm depois a escola está minúscula, foi estranho o regresso à minha primeira escola, e onde fui tão feliz por 4 anos.
Gostava que aquela escola viesse a representar para a minha sobrinha o mesmo que representou e representa para a tia.

Sábado foi dia de passeio, de dar umas voltinhas, ir ao festival do gelado, fazer umas comprinhas.

Domingo o regresso a casa e pensar que quero mais para breve, e não há fins-de-semana prolongados tão cedo, e as férias serão passadas cá em cima.

Resta-me lá voltar no final de Julho para os anos da mãe, ou se a curiosidade falar mais alto quando o meu sobrinho nascer;)

quinta-feira, junho 04, 2009

Menos uma núvem negra

Olá a todos,

Tive hoje a consulta de hematologia oncológica.
As análises continuam boas, mesmo os eritroblastos desapareceram, não há cancro por estas bandas;)
O fígado está aumentado, e terei de ver o que se passa, pode não ser nada e ter sido apenas um problema de metabolismo ou então ser colesterol, diabetes ou excesso de peso.
Terei de fazer análises para averiguar o que é, mas dia 17 na consulta de infertilidade saberei como está o colesterol, porque fiz a análise com a do 3º dia.

Continuamos a jornada, dia 17 espero que esteja tudo bem para avançarmos com mais um tratamento este verão. E que a mamografia e ecografia feitas dia 01 estejam porreirinhas, apesar das dores sentidas.

Esta foi sem dúvida uma nuvem que saiu do meu caminho, espero que mais quatro ou cinco desapareçam e finalmente tenha a paz e sossego que mereço.

Beijinhos

quarta-feira, junho 03, 2009

2ª Caminhada pela Fertilidade (no Parque da Cidade/Porto) e o 4º Encontro Nacional da APFertilidade


No próximo dia 21 de Junho, a Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade), promove duas iniciativas: a 2ª Caminhada pela Fertilidade (no Parque da Cidade/Porto) e o 4º Encontro Nacional da APFertilidade.


Assinala-se assim uma ocasião especial, coincidindo duplamente com a comemoração do Dia Nacional da Fertilidade e do Mês Internacional da Fertilidade.


Estas iniciativas têm por objectivo sensibilizar os cidadãos para os actuais problemas de fertilidade e visam promover a saúde reprodutiva em geral.


A concentração para a 2ª Caminhada pela Fertilidade faz-se na Entrada Nascente do Parque da Cidade, pelas 10h, e seguirá um percurso de cerca de 2000 metros.


A todos os participantes será oferecido um Kit-Caminhada, distribuído no local da concentração, onde a APFertilidade manterá uma tenda fixa com informação institucional e actividades recreativas das 10h às 13h.


A participação na Caminhada é gratuita, mas exige uma pré-inscrição, por razões logísticas. INSCRIÇÕES EM: http://www.apfertilidade.org/eventos/2009


O 4º Encontro da APFertilidade organiza-se, como habitualmente, em torno de um almoço (independente da Caminhada), com o custo de 20€ por pessoa.


Solicitamos aos interessados a confirmação da sua inscrição através da página: http://www.apfertilidade.org/eventos/2009 Gostávamos muito que estas iniciativas fossem um evento de "família e amigos"; por isso, estão todos convidados. Para qualquer informação adicional sobre estes eventos, pode consultar a Associação através do seguinte email: eventos@apfertilidade.org

segunda-feira, junho 01, 2009

Fim-de-semana no Gerês

E eis que voltámos de fim-de-semana.
Depois de muitos anos e várias abordagens eis que tivémos o nosso fim-de-semana no Gerês.
A paisagem é fantástica, e em cada canto sua fonte é um verdadeiro desafio tentar beber de todas: ))) Até porque há sítios em que não podemos parar.
Ainda não tínhamos chegado a "casa" e já o maridinho tinha tido um contacto de 1º grau com o casco dum cavalinho.
Ele bem que me avisou que eles eram selvagens, mas bem prega o Frei Tomás...
Comecei a ver a minha vidinha a andar para trás, mas felizmente não aconteceu o pior e apesar do passeio ter sido feito quase em exclusivo de carro deu para comemorar e retemperar forças.
Para o ano, no mesmo sítio, à mesma hora.