domingo, julho 06, 2008

Uma semana depois do negativo

Tal como previsto voltei ao trabalho no dia 30, e tanto trabalhito para fazer.
Estava consciente que as duas semanas de trabalho antes de férias iam ser complicadas, mas esqueci o factor humano, e como as pessoas podem ser complicadas e dar cabo de toda a nossa organização.
Uma semana que passou a correr.
Apercebi-me que não estou a fazer o luto.
É bom termos muito trabalho, e foi vital no período de Fevereiro a Abril, mas neste momento precisava de "enterrar a dor".
Não quero que ela surja um dia sem avisar a dizer: não trataste de mim e por isso aqui estou eu.
Com a consulta marcada para 29 de Setembro, não sei quando irei fazer novo tratamento.
Por um lado já deu para perceber que no Sto António todos os casos passam por avaliação da equipa médica. Cheguei a esta conclusão neste tratamento.
A médica foi ver o que ficou decidido a 29 de Fevereiro, portanto houve mesmo reunião. E depois apercebi-me que o motivo pelo qual em Agosto do ano passado me falaram em operação, foi porque isso tinha sido decidido numa reunião que eu não sabia que tinha existido.
Portanto vamos a ver o que decidem desta vez, mas quanto a isso estou relativamente calma. Se nos deixam fazer 3 tratamentos (desde que haja punção), então ainda terei direito a mais um. Até porque neste tratamento fui até à transferência, e portanto podemos considerar um tratamento completo.
Continuo a sentir que ando a saltar barreiras, e eu que sempre gostei de correr fundo, mas sem obstáculos...sou pequenita e saltar não é o meu forte, nem mesmo quando era ao "elástico".
Mas esta corrida já teve várias fases:
  • naturalmente não resultou;
  • com dufine não resultou;
  • 1ª ICSI hiperestimulei
  • 2ª ICSI graças à operação já não hiperestimulei e fui até à punção, mas óvulos imaturos
  • 3ª ICSI conseguimos alguns óvulos maduros, houve fecundação, um foi transferido, faltou o positivo

Sinto que estou cada vez mais perto do meu bebé, mas também sou suficientemente realista para saber que o próximo tratamento não será tão calmo. Será o último no Sto António, e a palavra "último" tem o condão de ser stressante.

Consegui alcançar um estado de espírito e uma paz que nunca pensei ser possível. Só fiquei ligeiramente nervosa antes da punção, e antes da beta. Na véspera da beta lá fiz o teste que deu negativo, isso trouxe-me um pouco de volta à realidade. Sei que podia ser um falso positivo, mas também sei que o fiz no 14º dia da punção, mais tarde que muita gente faz a beta. Não fiquei mais stressada por causa disso, mas ajudou-me a pensar que apesar do meu estado de espírito deveria preparar-me para todos os resultados.

Nesse mesmo dia à noite, o meu marido disse-me: mas tens a consciência que pode ser negativo? E foi aí que lhe revelei que tinha feito o teste, que sabia que o "veredicto" podia ser negativo, mas que naquele momento não queria pensar no assunto.

Quem me conhece sabe que gosto sempre de saber com o que conto, e mesmo quando tenho de tomar grandes decisões pondero sempre todos os aspectos. A minha mãe gozava comigo: estás a fazer um balanço, mas aposto que no final a decisão vai ser só tua. E eu: claro, apenas preciso de falar alto para ver se o que eu penso faz ou não sentido... Já o meu bisavô dizia: não devemos fazer contas porque saem sempre furadas. Mas, eu faço contas de somar e subtrair... calculo todos os lados da questão.

Neste tratamento soube 2 coisas no dia da punção e uma no dia da transferência. Primeiro que tenho um quisto no ovário direito e líquido na trompa direita, e depois soube que tenho o útero retrovertido. As duas podem ser passageiras, e a 3ª não é impeditivo de gravidez, principalmente recorrendo a PMA, mas fiquei a pensar: seja qual for o resultado vou questionar a médica.

Ora bem... eu nem consulta tive, por isso questões terão de esperar por setembro.

Por outro lado tinha pensado: se tiver positivo vou logo marcar consulta de endocrinologia e reumatologia, para ser seguida logo de início...

Ora com este resultado houve mudança de planos: vamos isso sim dar início ao processo de adopção, que deveria ter começado a 29 de Maio, mas com um novo tratamento à vista resolvemos aguardar.

Em paralelo e como temos de pedir ao médico de família os atestados para adopção iremos pedir uma credencial para o S. João. Na melhor das hipóteses apenas poderei fazer mais um tratamento no Sto. António e vamos fazendo vez na lista do S. João.

5 comentários:

Kitty disse...

Estás na altura de fazer balanços...
Desejo-te muita força e coragem para seguires o teu caminho!
Beijinho
Bom domingo e boa semana

Praia disse...

Seja qual for o teu caminho, eu estou aqui p te apoiar.
Boa sorte
Beijokas.

Sem Desistir disse...

Olá amiga,
O importante é que faças o que estiver de acordo com a tua consciência. Isso é fundamental! Tudo o que não controlamos aparecerá na nossa vida quando menos esperarmos...
Espero que o futuro tenha nos reservado algo de muito, muito especial. Assim espero. Peço a Deus para que todas as mulheres que queiram ser Mães, não sofram o que nós já sofremos, lol
Espero ser atendida por Ele.
Quanto a nós, resta-nos acreditar com toda a Fé, que a maternidade está para breve.
bjs

Céu Carrilho disse...

Olá amiga!
Tenho andado um pouco ausente (estive sem net) e qdo vim aqui visitar o teu cantinho... fiquei triste...
Amiga não podes deixar a esperança murchar.
Torço para q a tua estrelinha não tarde.

Bj

Du disse...

olá. não pude deixar de responder, quando encontrei um comentário seu no Pinkblue.
eu fazia quisto ováricos, com períodos irregulares. trÊs operações depois e o problema foi resolvido - retiraram-me o ovário e trompa esquerdos. continuei com a pilula, e nem a mnais forte me fazia regularizar o período. vinha antes, ou depois, um mês, dois meses de atraso...(com pilula, recordo) etc. entretanto, o tempo passava e eu encontrei alguem com o mesmo desejo que eu. os tempos estam difíceis mas se vier um filhote.... tanto melhor! pulamos de contentes! por isso, larguei a pilula, e continuei a vigilência. dos quisto nem vê-los mas os atrasos continuavam. um, dois, meses, semanas desencontradas, etc.
iniciei o Duphine para regularizar (e esperar a gravidez), e uma dieta - por ordem do médico ginecologista. se queria engravidar o essencial era emagrecer...! emagreci dois quilos no primeiro mÊs. quanto ao duphine ... não sei., porque engravidei logo. mas feitas as contas á gestação, engravidei "fora de horas". ou seja, fora do período fértil agendado. o duphine não tinha regularizado nada. foi uma pontaria , um totoloto ter engravidado.
entretanto estava também a acabar um mestrado na área da psicologia que puxou muito por mim., levou-me a uma psicoterapia de um ano. era uma pessoa desorganizada, bvaixa auto-estima, sentia-me infliz e sem ritmo para nada. não mantinhaa um ritmo regular de trabalho activo, nem de sono, nem uma relação eqquilibrada com os amigos. vivia com nuances de bipolaridade. estava cheia de medos e ansiedades. uns dias sentia-me vazia... e todos me faziam falta - sentia-me só, mesmo entre amigos e marido. outros dias, cheia de mais sem tempo para mim, etc. altos e baixos, embora a relação com o meu marido fosse feliz tinha nuances de aproximação e afastamentos... ritmos de vida desencontrados, etc.
curiosamente foi nesse me^S também que a psicoterapia se avizinhou na sua fase final. tinha-me transformado numa pessoa equilibrada, que aguentava o ritmo de trabalho sem misturar as coisas, e com uma postura relacional equilibrada e doseada. os meus medos e ansiedades tinham ficado sem causas. agora tinha espaço para mim... e para mais alguém.
penso que esta parte de maturação psicológica, aliada a um tratamento fisico (emagrecimento, estabelecimento de rotinas de beleza e cuidados pessoais, valorização pessoal!) contribuiu no seu conjunto para criar as condições favoráveis á vinda do meu bébé.
por vezes esquecemos que o mais importante não vem de fora...

boa sorte